Novo ano de recorde para o permafrost nos Alpes Suíços em 2024
O permafrost está a aquecer rapidamente nas regiões alpinas. Saiba aqui o que acontece quando o permafrost se degrada nos Alpes Suíços.

Em 2024, as medições realizadas pela rede PERMOS (Swiss Permafrost Monitoring Network) revelaram um novo recorde de temperaturas do permafrost nos Alpes suíços, marcando um agravamento preocupante das alterações climáticas nesta região.
O “ano hidrológico” de 2024 (1 de outubro de 2023 a 30 de setembro de 2024) foi o mais quente já registado desde o início da monitorização do permafrost, com consequências evidentes na estabilidade dos terrenos de alta montanha.
Este aquecimento contínuo está a transformar profundamente as características físicas do solo, em particular através do espessamento da chamada "camada ativa" — a parte do solo que descongela durante o verão e volta a congelar no inverno.
Por exemplo, no Schilthorn, essa camada tinha menos de 5 metros de espessura no ano 2000, mas ultrapassou os 13 metros em 2023. De forma alarmante, essa camada não voltou a congelar completamente durante o inverno de 2023–2024, o que nunca havia sido registado até então.
Quais os fatores que contribuem para este fenómeno?
Um dos principais fatores que contribuem para este fenómeno é o aquecimento global, agravado por invernos com quedas de neve muito precoces. Quando a neve se acumula cedo na estação fria, forma um manto que isola o solo do ar frio, impedindo o seu arrefecimento e acelerando o processo de degradação do permafrost. Este efeito de isolamento é especialmente significativo em altitudes mais elevadas.

As consequências deste degelo progressivo são vastas. À medida que o permafrost se degrada, a estabilidade das encostas montanhosas é comprometida, o que aumenta substancialmente o risco de deslizamentos de terra, quedas de rochas e colapsos de estruturas.
Isto representa uma ameaça direta não só à segurança de alpinistas e populações locais, mas também às infraestruturas construídas em regiões alpinas. Estima-se que mais de um terço dos refúgios de montanha suíços estão agora localizados em zonas com permafrost em risco de instabilidade.
O permafrost no mundo
O fenómeno não é isolado à Suíça. Em várias regiões montanhosas da Europa, o aquecimento do permafrost é igualmente notório, sobretudo em locais mais frios e com menor teor de gelo, onde as temperaturas do solo aumentam mais de 1 °C por década. A tendência confirma o impacto acelerado das alterações climáticas em ambientes de alta montanha, onde os efeitos são mais rápidos e visíveis.
Adicionalmente, os anos de 2022, 2023 e 2024 estão entre os cinco mais quentes alguma vez registados na Suíça desde o início das medições meteorológicas em 1864. As temperaturas médias nesses anos situaram-se entre 1,4 °C e 1,9 °C acima do valor de referência (1991–2020), refletindo a intensificação do aquecimento regional.
Em suma, os dados mais recentes reforçam a urgência de medidas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas, especialmente em regiões de montanha, onde os impactos são já concretos e representam riscos elevados tanto ambientais como sociais.
Referência da notícia
Swiss Permafrost Monitoring Network. https://www.permos.ch/publications. Swiss Permafrost Bulletin 2024.
Académie suisse des sciences naturelles. https://scnat.ch/fr/uuid/i/f3abf5de-3e30-596d-861e-35f19699c1cf-Nouvelle_ann%C3%A9e_record_pour_le_perg%C3%A9lisol_dans_les_Alpes_suisses_en_2024. Nouvelle année record pour le pergélisol dans les Alpes suisses en 2024.