Lâmpadas com vida: saiba como a bioluminescência pode transformar a forma como usamos a iluminação

Uma empresa de biotecnologia em França tem desenvolvido uma nova forma de gerar luz através de bactérias bioluminescentes, oferecendo uma alternativa de iluminação mais sustentável e amiga do ambiente.

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A bioluminescência é um fenómeno no qual ocorre uma reação química dentro do corpo de um organismo para produzir luz. É observada em animais como pirilampos, cogumelos e peixes, especialmente em 76% das criaturas do fundo do mar.

Num mundo que procura constantemente soluções sustentáveis, a bioluminescência surge como uma alternativa revolucionária no domínio da iluminação. Imagine uma fonte de luz que não só seja amiga do ambiente, mas que também acrescente um “toque de magia” ao nosso ambiente.

Esta é a visão da Glowee, uma empresa francesa pioneira em biotecnologia que está a revolucionar a indústria da iluminação com a sua abordagem inovadora à bioluminescência.

Bactérias marinhas como fonte de luz

Na pequena cidade de Rambouillet, em França, as ruas ganham um aspeto especial todas as noites, quando as suas lâmpadas se acendem na escuridão.

No centro da missão da empresa francesa Glowee está o desenvolvimento de um material vivo, feito de bactérias marinhas bioluminescentes, facilmente cultivadas em laboratório.

Sem modificações genéticas, a Glowee melhora bactérias não patogénicas e não tóxicas para torná-las mais eficientes na produção de luz, tanto em intensidade, como em estabilidade e eficiência.

Uma vez criada esta matéria-prima, são desenvolvidos produtos adequados para integrar nelas esta luz líquida. O resultado é uma alternativa única e ecológica às fontes de luz convencionais.

Benefícios além da iluminação

Esta forma inovadora de obtenção de fontes de luz não só ajuda a obter uma alternativa de iluminação mais sustentável, como também procura gerar um impacto positivo em termos de conservação ambiental.

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A empresa Glowee garante que o processo de fabricação destas lâmpadas inovadoras consome menos água do que o processo de fabricação tradicional das lâmpadas LED. Além disso, liberta menos CO2 na atmosfera. Foto: Glowee.

Com 90% da perda de biodiversidade e do stress hídrico provenientes da extração e processamento de recursos, a empresa aborda estas questões de maneira direta.

O seu material biodegradável feito a partir de bactérias marinhas cultivadas reduz o consumo de recursos limitados e a poluição associada à sua extração, transformação e exportação.

Uma vantagem que pode parecer algo superficial, mas que vale a pena destacar, é que a utilização destas lâmpadas bioluminescentes ajuda a obter um brilho suave e relaxante, criando um ambiente acolhedor e seguro em qualquer espaço onde seja utilizada.

Uma nova “filosofia” de iluminação

Numa entrevista à BBC, a fundadora da Glowee, Sandra Rey, comentou que “o nosso objetivo é mudar a forma como as cidades usam a luz”, acrescentando também que procuram criar um ambiente que respeite mais os cidadãos, o ambiente e a biodiversidade, e impor esta nova filosofia da luz como uma alternativa real.

Além do seu potencial na criação de lâmpadas sustentáveis, a bioluminescência convida-nos a refletir sobre a importância da preservação da biodiversidade marinha e a apreciar a beleza e a complexidade dos processos naturais.

Num mundo onde a inovação tecnológica e a conservação ambiental convergem, a bioluminescência oferece um exemplo inspirador de como a ciência pode contribuir para um futuro mais brilhante e equilibrado para o nosso planeta e os seus habitantes.

Referências da notícia:

Glowee. "Enlightened by the sea!". 2024.

BBC. "The French town where the lighting is alive". 2024.