Já alguma vez pensou se vale a pena o esforço para retirar o plástico dos oceanos?

Há organizações que retiram o plástico do oceano, mas outras consideram que isso nos desvia da origem do problema, a necessidade de reduzir o fluxo de plástico para os mares.

Lixo nos oceanos
Embora seja difícil dizer exatamente a quantidade de plástico existente no oceano, os cientistas acreditam que cerca de 8 milhões de toneladas métricas de plástico entraram no oceano em 2010. Fonte: NOAA

Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), pelo menos 14 milhões de toneladas de plástico são depositadas nos oceanos todos os anos. Se não forem tomadas medidas, é possível que em 2050 haja mais plástico no mar, em peso, do que peixe.

O plástico é ingerido pelos animais, entrando na cadeia alimentar e danificando os ecossistemas.

Uma vasta ilha flutuante de plástico acumula-se à superfície do Oceano Pacífico, conhecida como a "Grande Mancha de Lixo do Pacífico". Esta "ilha" é constituída por inúmeros objetos de plástico, desde escovas de dentes a redes de pesca.

A Grande Mancha de Lixo do Pacífico está localizada entre o Havai e a Califórnia, foi descoberta em 1997 e cobre atualmente uma área de 1,6 milhões de quilómetros quadrados.

A Ocean Cleanup é uma das organizações que remove o plástico do oceano utilizando redes em forma de U e barreiras flutuantes. Nos últimos 10 anos, retiraram 7,5 milhões de toneladas de plástico.

Críticas aos que limpam o oceano

A Ocean Cleanup foi financiada por grupos ligados à produção de plásticos, o que deu origem a críticas por branquear a imagem de empresas poluidoras.

Outras organizações europeias, como a Oceancare da Suíça e a Environmental Investigation Agency do Reino Unido, veem as tecnologias de remoção de plástico como uma distração na luta para acabar com o fluxo de resíduos.

Até à década de 2060, os resíduos de plástico a nível mundial triplicarão em relação à atualidade.

As organizações que criticam a The Ocean Cleanup reconhecem que a questão do plástico nos oceanos e a forma como o problema será resolvido são complexas, sobretudo devido à influência dos produtores de plástico nas conversações.

Limitar a produção de plástico é essencial

Ativistas e investigadores comparam o problema da remoção do plástico às mesmas técnicas utilizadas pelas grandes tabaqueiras para bloquear a regulamentação do consumo de cigarros.

Bethanie Carney Almroth, professora de Ecotoxicologia na Universidade de Gotemburgo (Suécia), salienta que a evidência científica mostra que limitar a produção de plástico é essencial para acabar com a poluição.

Animais em perigo
Os plásticos normalmente encontrados nas praias e nos oceanos incluem pontas de cigarro, invólucros de alimentos, garrafas de bebidas, palhinhas, copos e pratos, tampas de garrafas e sacos de utilização única, todos eles constituindo um perigo mortal para as espécies marinhas se ingeridos.

Sacos "biodegradável"

Uma das principais questões relacionadas com os sacos de plástico biodegradáveis é a confusão que pode surgir com a rotulagem. Muitas vezes, estes sacos são comercializados como "verdes" ou "ecológicos", o que pode levar os consumidores a acreditarem que são uma opção mais sustentável sem compreenderem bem as suas limitações.

É importante notar que o termo "biodegradável", por si só, não garante que um saco seja completamente seguro para o ambiente. Para os consumidores, pode ser difícil distinguir entre sacos de plástico biodegradáveis e sacos convencionais, tornando a escolha sustentável mais complicada.

Alternativas sustentáveis

Os sacos reutilizáveis feitos de tecido ou de materiais duráveis são uma excelente opção, uma vez que reduzem a necessidade de utilizar sacos descartáveis. Práticas como trazer os seus próprios sacos quando faz compras também podem ser encorajadas.