Enorme buraco na camada de ozono abre sobre o Ártico

Temperaturas baixas e um forte vórtice polar permitiram que os componentes químicos corroessem a camada protetora do ozono no Norte. Contamos-lhe mais aqui!

Ártico buraco ozono
Se o Protocolo de Montreal, que foi celebrado em 1987, não tivesse sido concretizado provavelmente os efeitos seriam piores.

Um vasto buraco na camada de ozono - provavelmente o maior já registado no Norte - abriu acima do Ártico. Atualmente, os níveis recorde mais baixos de ozono estendem-se por grande parte do Ártico central, cobrindo uma área cerca de três vezes maior que a Gronelândia. Este buraco, provavelmente, desaparecerá nas próximas semanas.

"Do meu ponto de vista, é a primeira vez que se pode falar de um verdadeiro buraco de ozono no Ártico", diz Martin Dameris, cientista atmosférico do Centro Aeroespacial Alemão, em Oberpfaffenhofen.

A formação

O ozono normalmente forma uma camada protetora na estratosfera, cerca de 10 a 50 km acima do solo, onde protege a vida da radiação ultravioleta solar. Porém, todos os anos, no inverno antártico, as temperaturas geladas permitem que as nuvens de alta altitude se fundam acima do Pólo Sul, com isto, produtos químicos, incluindo o cloro (Cl) e o bromo (Br), que provêm de diversas fontes industriais, desencadeiam reações nas superfícies das nuvens que destroem a camada de ozono.

Isto ultrapassa qualquer perda de ozono que tivemos no passado

Apesar de não ser muito comum isto acontecer no Ártico, este ano ventos fortes do Oeste fluíram em redor do Pólo Norte e prenderam o ar frio dentro de um vórtice polar, o que fez com que houvesse mais ar frio acima do Ártico do que em qualquer invernodesde 1979, afirmou Markus Rex, cientista atmosférico do Alfred Wegener Institute, em Potsdam, Alemanha. Dadas estas temperaturas frias, as nuvens de alta altitude formaram-se e as reações da destruição do ozono começaram.

Os investigadores medem os níveis de ozono libertando balões meteorológicos das estações de observação em redor do Ártico. No final de março, esses balões mostraram uma queda de 90% no ozono a uma altitude de 18 km. Onde os mesmos, normalmente, medem cerca de 3,5 partes por milhão (ppm) de ozono, registam, agora, cerca de 0,3 ppm, diz Rex. " Isto supera qualquer perda de ozono que vimos no passado".

O Ártico passou por este fenómeno em 1997 e em 2011, mas a perda de ozono deste ano está a caminho de ultrapassar os efeitos desses anos. Gloria Manney, cientista atmosférica da NorthWest Research Associates em Socorro, Novo México, trabalha com um instrumento de satélite da NASA que mede o cloro na atmosfera e diz que ainda há bastante cloro disponível para esgotar o ozono, nos próximos dias.

É perigoso?

As próximas semanas são cruciais. Com o sol a subir lentamente, as temperaturas atmosféricas na região do buraco na camada de ozono já começaram a aumentar, diz Antje Inness, um cientista atmosférico do Centro Europeu de Previsões Meteorológicas de Médio Prazo, em Reading, Reino Unido. O ozono poderá, em breve, começar a recuperar-se à medida que o vórtice polar desapareça, nas próximas semanas.