Criatura marinha do tamanho da palma da mão é considerada o animal mais antigo do mundo!

Muito mais antiga do que os dinossauros, a discreta "gelatina de pente" (comb jelly) existe há mais tempo do que qualquer outra linhagem viva. Saiba mais aqui!

gelatina do mar; ilustrativa
Existem dois cenários - a hipótese da esponja-irmã e a hipótese do ctenóforo-irmão - que refletem qual linhagem divergiu primeiro entre os animais.

Há muito que os cientistas pensam que a esponja do mar, um animal que se alimenta ao filtrar a água através de si próprio, constitui o grupo de animais mais antigo da Terra. Porém, um novo estudo afirma que a linhagem das gelatinas é, de facto, mais antiga e contém material genético de antepassados distantes, não animais.

Estas "gelatinas", que se parecem com medusas em miniatura, usam filas de pelos ciliares para nadar no oceano e capturar presas com tentáculos que libertam uma substância pegajosa e semelhante a muco. Tal como outros animais, cumprem a norma de se terem desenvolvido a partir de um ovo fertilizado num organismo multicelular.

Linhagens iniciais

Para determinar se as "gelatinas de pente" ou as esponjas se ramificaram primeiro na árvore genealógica dos animais, os investigadores da Universidade da Califórnia-Berkeley e da Universidade de Viena tentaram fazer análises genéticas, contudo as suas tentativas iniciais não foram avante devido à idade extrema de cada grupo.

Em seguida, voltaram-se para os cromossomas, mais concretamente para a disposição dos genes em cada cromossoma, na esperança de seguir padrões ao longo do tempo.

Depois de terem determinado a estrutura cromossómica da Hormiphora californiensis, uma espécie de gelatina de pente, puderam ver as coisas com mais clareza: o favo de geleia tinha um arranjo único que se assemelhava ao dos não-animais, enquanto a esponja se alinhava com os outros animais.

"Os resultados podem lançar as bases para novas investigações sobre a evolução dos músculos e de outros órgãos dos animais, e a metodologia pode revelar-se útil noutras áreas". - Darrin Schultz, biólogo e um dos autores do estudo.

As gelatinas de pente ramificaram-se primeiro, antes dos cromossomas dos animais terem-se alterado em grande escala. Isto significa que a disposição genética destas constituía "uma relíquia de um sinal cromossómico muito antigo", afirmou Rokhsar. "Foi necessário algum trabalho de detetive estatístico para nos convencermos de que se tratava realmente de um sinal claro e não apenas de um ruído aleatório".

O ancestral de todos os animais

Embora a linhagem destes pequenos seres vivos seja a mais antiga ainda viva, estendendo-se até pelo menos 500 milhões de anos atrás, animais ainda mais antigos existiram há cerca de 600 a 700 milhões de anos e transmitiram material genético até hoje.

"É difícil saber como eles eram, porque eram animais de corpo mole e não deixaram um registo fóssil direto", diz Rokhsar. "Mas podemos usar comparações entre animais vivos para aprender sobre os nossos antepassados comuns."

Quão simples pode ser um animal?

O oceano está repleto de animais simples, como a esponja-do-mar, a gelatina, a medusa e a anémona-do-mar, que, segundo os investigadores, não têm um cérebro definido, nem mesmo músculos e nervos.

"As esponjas não têm sistema nervoso, não têm músculos e parecem-se um pouco com versões coloniais de alguns protozoários unicelulares", diz Rokhsar. Depois de uma fase larvar, em que nadam numa forma que se assemelha a um bolbo de flor, fixam-se num local e raramente saem. A partir daí, subsistem com as partículas de alimento que apanham nos seus poros.