A música de Mozart pode funcionar como analgésico para os recém-nascidos

Foi feita uma avaliação em cem bebés recém-nascidos, num processo de extração de sangue do calcanhar. Foi confirmado que a intervenção musical é uma ferramenta fácil, reprodutível e barata para o alívio da dor dos bebés.

Wolfgang Amadeus Mozart
Wolfgang Amadeus Mozart, nascido em 1756, em Viena, é considerado um dos músicos mais influentes e destacados da história.

Um novo estudo publicado na revista Nature concluiu que os bebés recém-nascidos que estão prestes a serem picados para uma análise ao sangue podem sentir alívio nos sinais de dor caso a música de Mozart estiver a tocar ao fundo.

Este estudo é o primeiro deste tipo, segundo a equipa da Universidade Thomas Jefferson, de Filadélfia, que trabalhou com médicos para conduzir a investigação que contou com 100 bebés, de um hospital comunitário do Bronx, Nova York.

Como foi feita a experiência com bebés e a música de Mozart?

Os cem bebés que participaram neste estudo nasceram com 37 semanas de gestação, ou mais, e tinham cerca de dois dias de vida no momento do teste.

Antes de um médico retirar sangue recorrendo a um procedimento padrão de punção no calcanhar, pouco mais de metade dos bebés tiveram vinte minutos a ouvir um instrumental suave do famoso músico Mozart. A outra metade esperou em silêncio.

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A canção tocou durante a coleta e continuou por cerca de cinco minutos depois. Os pais não foram autorizados a segurar fisicamente seus bebés durante a experiência.

Um investigador avaliava regularmente a dor dos bebés, utilizando expressões faciais, choro, padrões respiratórios, movimentos dos membros e estado de alerta como indicadores. Este estaria a usar fones nos ouvidos com cancelamento de ruído, para assim, não saber se a música estava a tocar ou não.

Por fim, os recém-nascidos expostos a Mozart apresentaram uma redução “estatisticamente e clinicamente significativa” das pontuações na Escala de Dor Neonatal Infantil (NIPS), e este foi o caso antes, durante e depois da punção no calcanhar.

As principais conclusões do estudo com os recém-nascidos

Estudos entre recém-nascidos são uma boa oportunidade para explorar mais, especialmente porque a medicação para a dor muitas vezes não é uma opção para este grupo. O recente ensaio no Bronx é o primeiro a estudar bebés nascidos a termo, embora haja algum histórico de estudos em bebés prematuros.

bebé a chorar com dor
A medicação para a dor muitas vezes não é uma opção para os recém-nascidos.

Existem agora evidências consideráveis que sugerem que a música pode reduzir significativamente a perceção da dor entre os adultos, mas não está totalmente esclarecido de que forma a música consegue este feito incrível, ou se é inata ou aprendida.

Os autores concluem que “a intervenção musical é uma ferramenta fácil, reprodutível e barata para o alívio da dor em procedimentos pequenos em recém-nascidos saudáveis”.

Os resultados sugerem que alguns tipos de música com efeito calmante podem ter um efeito poderoso até mesmo nos cérebros humanos mais jovens.

Isto pode ocorrer porque a música distrai os bebés da dor. Todavia, os estudos anteriores entre adultos mostraram que música alegre e divertida alivia mais a dor do que música sombria e triste. E isto significa que a distração não pode explicar totalmente os resultados.

Talvez haja algo no tempo, na harmonia ou na melodia de uma música que contenha algum tipo de alívio da dor para o cérebro humano.

Diferentes tipos de música e os seus efeitos analgésicos não foram comparados no presente estudo, mas estes são fatores que podem ser explorados em investigações futuras. Os cientistas que trabalharam nesta experiência dizem que estão agora interessados em saber se as vozes dos pais poderão ser tão tranquilizadoras para os recém-nascidos quanto Mozart.