Saiba onde ver e como fotografar o eclipse solar total que vai acontecer em 2026

Há mais de um século que não víamos em Portugal um evento celeste tão raro. Vale a pena estarmos preparados, porque só em 2144 voltará a acontecer.

Eclipse soltar total
No dia 12 de agosto, a Lua irá tapar completamente o Sol e, por breves momentos, o dia irá dar lugar à noite. Foto: Francesco via Adobe Stock

O ano de 2026 nem começou e ainda falta muito para o verão. Mas vale a pena marcar já na agenda a data de 12 de agosto. Depois de mais de um século, Portugal vai voltar a assistir um eclipse solar total.

Um evento assim tão raro não ocorria desde 1912. Serão somente breves momentos de plena escuridão, embora se preveja que, em boa parte do país, o bloqueio da luz solar oscile entre os 98% e os 76%.

Um eclipse solar total, tal como nos ensinaram na escola, ocorre quando a Terra, a Lua e o Sol estão perfeitamente alinhados. Nesse exato instante, a Lua tapa completamente o disco solar por alguns momentos.

No dia 12 de agosto, ainda antes do entardecer, será apenas no nordeste transmontano que o dia dará lugar à noite, mas apenas por 26 segundos. O ciclo completo, no entanto, é muito mais longo. As fases parciais, que antecedem e sucedem o expoente máximo deste espetáculo celeste, podem em algumas circunstâncias, demorar mais de uma hora.

E o dia virou noite

Apesar de em boa parte do país o eclipse não ser totalmente visível, a percentagem de cobertura é tão significativa que, segundo os astrónomos, vai ser possível sentir a temperatura a baixar.

Eclipse solar total na praia
Como o eclipse irá ocorrer ao entardecer do lado poente, as praias são os melhores locais para assistir ao fenómeno. Foto: Imagem gerada por IA: Thares2020 via Adobe Stock

Quem estiver a observar o fenómeno no meio da natureza, poderá ainda se aperceber que os animais à volta irão pensar que a noite chegou, recolhendo-se nos seus abrigos para pernoitar.

Na praia de olhos postos no horizonte

Outra feliz coincidência é o facto deste eclipse ocorrer do lado poente, quando o Sol estiver próximo do horizonte. Se o céu estiver limpo, o espetáculo poderá ser apreciado em qualquer praia da costa atlântica.

O eclipse vai ser visível numa estreita faixa que atravessa o Ártico, Gronelândia, Islândia e ainda em Espanha, onde a escuridão irá ser visível numa extensão bastante maior do que em Portugal.

Segundo os cálculos do astrónomo Rui Jorge Agostinho, investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, citado pela agência Lusa, a obscuridade será de 98,2%, no Porto, de 94,5%, em Lisboa, de 92,2%, em Faro, ficando abaixo dos 80% no Funchal (77,5%) e em Ponta Delgada (76,9%).

Não olhe para o Sol sem proteção

Será uma oportunidade única para captar imagens extraordinárias do fenómeno e das sombras que irá projetar no solo. Deverá por isso escolher o equipamento certo, planear os locais onde vai querer tirar fotografias e tomar também as devidas precauções para assistir todas as fases do eclipse com total segurança.

Já sabemos que não é prudente olhar diretamente para o Sol. Serão precisos, portanto, óculos de observação solar, que são milhares de vezes mais escuros do que os normais.

Grande angular ou teleobjetiva?

Não é também recomendável tirar fotografias sem a devida proteção. Babak Tatreshi, explorador da National Geographic, aconselha usar uma grande angular ou uma teleobjetiva e ainda filtros solares para câmaras fotográficas, binóculos ou telescópios. Os raios solares são suficientemente fortes para trespassar os filtros normais e lesionar a vista.

Os filtros, aliás, são necessários até ao momento em que a Lua cobre o disco solar. A partir daí, haverá uns breves segundos para removê-los e tirar fotografias. Mas não deve olhar para o visor ótico até o Sol estar totalmente obscurecido.

Assim que surgir o primeiro brilho após a escuridão volte imediatamente a colocar os filtros solares na sua objetiva, adverte Babak Tatreshi, num artigo da National Geographic, publicado em 2024.

Fotografar um eclipse solar
Proteja os olhos com óculos de observação solar, que filtram 100% dos raios infravermelhos e reduzem a intensidade do sol para 99,99%. Foto: Foto: Marco Iacobucci via Adobe Stock

A grande angular é o indicado para captar também a paisagem envolvente. Mas, se o intuito é focar-se unicamente no eclipse e no "anel de diamante", a melhor opção é uma teleobjetiva. Deverá posicionar-se junto à linha central, onde terá mais tempo para observar alguns detalhes da corona, proeminências ou erupções solares.

O melhor local do país

O melhor local em Portugal onde se pode ver o eclipse em todo o seu esplendor é na Estrada Nacional 308 que liga as aldeias de Rio de Onor e Guadramil, no distrito de Bragança.

E é precisamente aqui que o Centro de Ciência Viva irá promover uma sessão de observação no dia 12 de agosto entre as 11 da manhã e as 21 horas. Veja a programação no primeiro link das referências deste artigo.

Percentagens de obscuridades previstas para o eclipse solar total de 12 de agosto de 2026
Distrito de Bragança é onde a obscuridade do eclipse será total. Foto: Google Maps/Canva

E, já sabe, há tempo suficiente para planear tudo com a devida antecedência. É que vale mesmo a pena estarmos preparados para este grande acontecimento. O próximo eclipse solar total só volta a acontecer em 2144.

Referências da notícia

T-1 ano para o eclipse de 2026 - Centro Ciência Viva

Babak Tafresh. Como fotografar um eclipse total. National Geographic