Temporada de furacões no Atlântico continua a bater recordes

A temporada de furacões do Atlântico continua a surpreender os meteorologistas, principalmente devido à intensidade e à frequência dos eventos. O elevado número, num curto espaço de tempo aponta para uma temporada que se pode considerar histórica a vários níveis. Saiba tudo connosco!

Olho do furacão
A temporada de ciclones no Atlântico continua a bater recordes.

O início do mês de setembro apresenta o pico da temporada de furacões de 2020, uma temporada que tem sido bastante ativa até agora. A intensa atividade traduz-se em recordes quebrados: ontem, estavam ativos no Oceano Atlântico cinco ciclones tropicais. Para encontrar um número idêntico de ciclones ativos é preciso recuar até setembro de 1971. Dos cinco eventos ativos, dois apresentam maior perigo imediato: o Furacão Sally e o Furacão Paulette.

O Furacão Paulette evoluiu de tempestade tropical para furacão de categoria 1, na escala de Saffir-Simpson, no passado domingo dia 13, estando à data a deslocar-se para Noroeste, tendo atingido o arquipélago das Bermudas com muita violência. Apesar de classificado como furacão de categoria 1, foram registados ventos que remetem para as categorias 2 e 3. Para além da força do vento, o Paulette fez-se acompanhar de chuva intensa e agitação marítima. Esta conjugação de efeitos provocou alguns danos em infraestruturas, milhares de casas ficaram sem energia elétrica.

Para a atual temporada resta apenas um nome (Wilfred) que, tendo em conta as previsões, pode ser rapidamente utilizado.

Depois da passagem pelas Bermudas, este furacão mudou a sua direção para Nordeste. É neste momento um furacão de categoria 2, com ventos máximos sustentados na ordem do 167 km/h, com rajadas que podem atingir os 204 km/h e com uma pressão atmosférica no centro de 965 mb. A previsão meteorológica indica que no fim-de-semana há a possibilidade deste evento afetar o arquipélago dos Açores, já na categoria de tempestade subtropical, com especial incidência no grupo Ocidental (Ilhas do Corvo e das Flores).

O segundo sistema a causar preocupação designa-se Sally. Depois de, no final da passada semana ter atingido a cidade de Miami, no Sul da Florida como depressão tropical sem grandes perturbações (ventos de 55 km/h e chuvas abundantes), evoluiu para furacão de categoria 1 no Golfo do México e dirige-se para o continente norte americano. Colocou em alerta uma vasta área, entre a capital do Estado do Louisiana, Baton Rouge e a cidade de Tallahassee, na Flórida, passando pela linha de costa dos Estados do Mississípi e do Alabama.

Antes de alcançar a linha de costa, a última atualização meteorológica indicava que o Sally se desloca para Norte, com ventos máximos sustentados na casa dos 139 km/h, rajadas que podem atingir os 167 km/h e uma pressão atmosférica no centro de 982 mb. Menos de um mês após a passagem destrutiva do furacão Laura, as áreas referidas podem esperar quantitativos de precipitação que podem variar entre os 150 e os 300 mm, para além do vento forte e da intensa agitação marítima.

O recorde do número de tempestades

O Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos da América (NHC, na sigla em inglês) monitoriza também duas tempestades tropicais, de menores dimensões, mas já denominadas de Teddy e Vicky. As previsões mais recentes apontam dois caminhos distintos: enquanto que se acredita que a tempestade tropical Teddy se torne num grande furacão nos próximos dias, no sentido oposto, espera-se que tempestade Vicky perca força nos próximos dois dias.

Para além da monitorização anteriormente explanada, a excecional temporada de furacões pode ser constatada de outras formas. Da tempestade Cristobal em diante, todas as tempestades vão ficar na história pois foram as tempestades que se formaram mais cedo com as respetivas letras iniciais. Para a atual temporada resta apenas um nome (Wilfred) que, tendo em conta as previsões, pode ser rapidamente utilizado.

Esgotada a lista de nomes, as tempestades serão nomeadas utilizando letras do alfabeto grego. Esta situação é relativamente inédita já que aconteceu apenas uma única vez, no ano de 2005, quando foram nomeadas 28 tempestades na temporada.

A primeira quinzena do mês de setembro é também recordista em número de tempestades: 7! O anterior recorde de 5 tinha-se verificado nos anos de 1869, 1949, 1961, 1998, 2010 e 2018.