Insólito: o sémen de touro pode salvar o nosso planeta?

É a isto que chamamos pegar o touro pelos cornos, ou seja, tentar encontrar a solução milagrosa para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa das explorações pecuárias. Eis os pormenores surpreendentes de um projeto louco criado por um produtor canadiano de leite de vaca!

O triste poder do metano

As vacas arrotam e têm flatulência. Desculpe a introdução um pouco brusca, mas é um facto da vida bem conhecido dos criadores de gado e dos especialistas em ambiente e clima. Quando expelem os gases intestinais resultantes da digestão e dos excrementos, as vacas emitem metano pela boca e pelo rabo.

O problema é que o metano (CH4), um hidrocarboneto com um efeito de muito aquecimento, tem um impacto muito maior no clima do que o dióxido de carbono (CO2) - até 28 vezes mais por quilograma! É por isso que a criação de gado é um dos principais responsáveis pelas emissões de gases com efeito de estufa: representa 12% das emissões em França e 14,5% em todo o mundo. Os gases com efeito de estufa, e portanto a flatulência das vacas, são os principais responsáveis pelo aquecimento do nosso clima...

Controlar os arrotos e os gases das vacas

No entanto, não é possível, nem desejável, culpar as vacas por todos os nossos "moo", ou melhor, por todos os nossos males (desculpem, sou um pouco cow-maníaco...), e fazê-las desaparecer para resolver o problema das emissões de metano. Aliás, o Tribunal de Contas causou recentemente uma grande agitação ao sugerir a redução da criação de gado em França.

A solução milagrosa pode vir do Canadá, onde um produtor de lacticínios, Ben Loewith, conseguiu criar vacas que produzem menos metano, ou seja, vacas que possuem uma flatulência menor. Este resultado inesperado tem origem na reprodução: o agricultor conseguiu inseminar as suas vacas com sémen de touro transformado, fabricado e geneticamente modificado por uma empresa após 7 anos de investigação. Este novo sémen de touro é suposto produzir vitelos que arrotam menos, e está a funcionar bastante bem por enquanto nesta quinta, embora tenhamos obviamente de esperar que estes bezerros cresçam para medir o impacto real.

Os cientistas estimam que, se todos os produtores de leite canadianos implementassem esta super-semente, as emissões de metano provenientes da criação de gado no Canadá seriam reduzidas em 1,5% por ano, o que daria uma redução total de 30% até 2050. Um grande passo em frente na luta contra o aquecimento global, mas que reacendeu, obviamente, um debate que vai fazer muito barulho (muito mais do que flatulência): o dos OGM...