COPERNICUS alerta para uma extraordinária onda de calor marítima no nordeste do Atlântico

Maio de 2025 foi um dos mais quentes de sempre, com sinais alarmantes vindo dos oceanos, segundo o COPERNICUS. Saiba mais aqui!

As algas marinhas produzem oxigénio e sustentam a vida marinha.

O alerta mais preocupante vem dos oceanos. De acordo com o Serviço de Alterações Climáticas Copernicus (C3S), gerido pelo ECMWF, uma onda de calor marítima sem precedentes atingiu o nordeste do Atlântico. As temperaturas da superfície do mar nesta região bateram recordes históricos para o mês de maio, evidenciando a tendência clara e contínua de aquecimento dos oceanos.

O que é que o boletim climático nos diz?

O boletim climático do Copernicus reforça que, apesar de o valor de maio ter interrompido temporariamente uma série de 21 meses consecutivos com temperaturas globais acima dos 1,5 °C em relação à era pré-industrial, os oceanos continuam sob pressão. A temperatura média da superfície do mar em maio foi de 20,79 °C — a terceira mais elevada já registada — apenas 0,14 °C abaixo do recorde absoluto de maio de 2024.

No nordeste do Atlântico, a situação foi particularmente grave. Estações de monitorização ao largo da costa oeste da Grã-Bretanha e da Irlanda reportaram temperaturas marítimas nunca antes vistas neste mês.

Os dados da Mercator Ocean International, citados pelo Copernicus Marine Service, mostram que cerca de 21% da área do Atlântico Norte (entre os paralelos 0° e 60°N) foi afetada por temperaturas anormalmente elevadas — uma extensão considerável, mesmo comparando com anos anteriores marcados por eventos extremos.

O aquecimento das águas do mar afeta os ecossistemas

Estas ondas de calor marítimas têm impactos profundos. Podem provocar a morte de organismos sensíveis, causar o branqueamento de corais, alterar a produtividade dos ecossistemas e modificar os padrões migratórios e reprodutivos de espécies marinhas, como peixes, aves e mamíferos. O último relatório do IPCC já alertava para o aumento da frequência, intensidade e duração destes fenómenos, impulsionados pelas alterações climáticas provocadas pelas atividades humanas.

Qual o verdadeiro motor por detrás destas anomalias?

Embora fenómenos como o El Niño possam intensificar pontualmente o aquecimento, os cientistas apontam que o verdadeiro motor por trás destas anomalias é o aquecimento global do fundo dos oceanos. À medida que os mares retêm mais calor, a sua capacidade de absorver dióxido de carbono e energia térmica diminui, acelerando o aquecimento da atmosfera e agravando os efeitos das mudanças climáticas — criando um ciclo vicioso difícil de travar.

Para regiões como o nordeste do Atlântico, ricas em biodiversidade marinha e com grande importância económica, especialmente para a pesca, esta situação representa um aviso claro: os ecossistemas marinhos estão cada vez mais vulneráveis

Para regiões como o nordeste do Atlântico, ricas em biodiversidade marinha e com grande importância económica, especialmente para a pesca, esta situação representa um aviso claro: os ecossistemas marinhos estão cada vez mais vulneráveis. A monitorização contínua por satélite e modelos oceânicos, como os do Copernicus, é essencial para acompanhar a evolução destes fenómenos, prever os seus impactos e apoiar decisões políticas e estratégias de conservação eficazes.

Em resumo, o mês de maio de 2025 não só foi marcado por temperaturas globais anormalmente elevadas, como também por uma onda de calor marítima excecional, sinal claro de que os oceanos estão a aquecer a um ritmo preocupante. Os impactos já se fazem sentir e exigem atenção urgente, tanto da comunidade científica como dos decisores políticos e da sociedade em geral.

Referências da notícia

Ocean Temperature Bulletin – May 2025

COPERNICUS - Surface air temperature for May 2025