Calor abrasador no Rio de Janeiro: sensação térmica atinge os 62,3 ºC, um novo recorde

Depois de no passado sábado (16) se ter batido um recorde da mais elevada sensação térmica já medida pelo sistema Alerta Rio, da prefeitura da capital fluminense, na estação de Guaratiba, na zona oeste, com 60,1 ºC às 10h20m, anteontem (17) a cidade maravilhosa voltou a registar novo máximo histórico.

Desta vez foram registados 62,3 ºC de sensação térmica, mais um recorde histórico. Até ao momento, esta é a maior sensação térmica registada desde o ano 2014, quando o sistema Alerta Rio iniciou as medições. Esta medição foi alcançada novamente na estação do bairro de Guaratiba, na zona oeste do Rio de Janeiro, pelas 9h55.

Neste mesmo domingo também foram registadas sensações térmicas acima dos 50 ºC nas estações de São Cristóvão (51,4 ºC), Barra/Riocentro (52 ºC), Santa Cruz (52,4 ºC) e Jardim Botânico (57,7 ºC).

Este cenário obrigou a Secretaria Municipal de Saúde a reforçar medidas de cuidado e prevenção para grupos de risco, que apresentam condições de saúde mais vulneráveis, como medicação regular, especialmente pessoas hipertensas, diabéticas ou com insuficiência cardíaca.

A região de Guaratiba apresenta características geográficas que favorecem a ocorrência de temperaturas e humidades relativas do ar elevadas, principalmente no período da manhã, precisamente quando estes valores foram alcançados. Esta é uma região húmida devido à proximidade com o oceano e é frequentemente influenciada pelos ventos quentes de quadrante norte no período matutino.

Até então, o recorde de maior sensação térmica alguma vez documentado pelo Alerta Rio havia sido registado em novembro do ano passado, quando a mesma estação meteorológica marcou uma sensação de 59,7 graus, no dia 18 desse mês.

Onda de calor deixa o país sob aviso meteorológico vermelho

A sensação térmica é um índice de calor calculado a partir dos dados de temperatura e humidade relativa do ar. Quanto maior for a temperatura e a humidade relativa do ar, maior será a sensação térmica.

O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) emitiu durante a semana passada vários avisos meteorológicos devido às altas temperaturas que afetam especialmente as regiões Sul, Sudeste e Centro Oeste do país. Em vigor continuam ainda um aviso vermelho para estas regiões que compreendem estados como São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul.

Esta onda de calor chegou a afetar nove estados brasileiros. São eles Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e Goiás, onde foi emitido aviso meteorológico amarelo, onde há “potencial perigo” para elevação de temperaturas. No Paraná, em São Paulo, Mato Grosso do Sul, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, foi emitido aviso vermelho, correspondente a “grande perigo”.

Ao todo, 1.066 municípios destes estados estiveram sob aviso, em potencial de serem atingidos pelo aumento das temperaturas.

Esta é a quarta vaga de calor a atingir o Brasil este ano, sendo a mais intensa devido ao fenómeno El Niño e ao aquecimento global, de acordo com os especialistas. Devido ao calor extremo, as praias do Rio de Janeiro encheram-se de cariocas e turistas que procuram a água para se refrescarem.

Estes dados não surpreendem, considerando que vários recordes de temperatura estão a ser batidos um pouco por todo o globo. Fevereiro passado foi o mês mais quente desde que há registos, com uma temperatura 1,40 °C acima da média do século XX, de 12,1 °C, ultrapassando o anterior recorde de fevereiro de 2016.

A passada segunda-feira (18) ficou novamente marcada pelo calor, quer no município do Rio de Janeiro, quer por grande parte das regiões Sudoeste e Centro Oeste do país, com previsão de temperaturas máximas de cerca de 39 °C e sensações térmicas acima dos 50 °C.

Previsão meteorológica aponta para melhorias

Segundo o INMET as “condições de tempo severo” manter-se-ão até quarta-feira (20), prevendo-se que as temperaturas comecem a baixar sobretudo ao longo de quinta-feira (21). Até lá, várias tempestades vão atingir a região sul, com chuva, trovoada e vento acima dos 70 quilómetros por hora. Também a norte foi emitido aviso laranja para tempestades.

A onda de calor chegará assim ao fim, depois das altas temperaturas terem conduzido ao registo, no dia 15 de março, a um recorde de consumo de energia elétrica no Brasil, de 102.478 MW, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico. Desde novembro de 2023, que se têm registado sucessivos recordes na procura instantânea de carga, em função das ondas de calor.