A indústria petroquímica europeia já não produz nacionalmente!

Os fabricantes europeus estão a importar blocos de construção para fabricar plástico, uma vez que os preços da energia tornam a produção nacional demasiado dispendiosa. Saiba mais aqui!

indústria; plástico
Para além do custo elevado da produção, a necessidade de reduzir o uso do plástico também pode contribuir para a dificuldade de manter esta indústria.

Foi em 1975 a última vez que as centrais petroquímicas europeias produziram tão pouco da sua matéria-prima favorita, e nessa altura, a região ainda estava a recuperar da primeira crise petrolífera. Quase meio século depois, a indústria está a produzir pouco, mas por outros motivos.

É um erro interpretar este facto como um triunfo na luta contra o plástico. A Europa continua a consumir quantidades vorazes de espumas, tintas, resinas e todos os outros produtos produzidos pelas fábricas petroquímicas. O que acontece agora é que está apenas a substituir a produção nacional por material importado.

A luta contra o plástico: irá a indústria parar de o produzir?

As negociações para a elaboração de um tratado destinado a controlar a poluição global por plásticos e os produtos plásticos nocivos terminaram com uma nota moderada no Quénia, depois de os progressos terem sido aparentemente "mantidos reféns" pelos interesses das indústrias do petróleo e dos plásticos.

As Nações Unidas insistiram com os negociadores na criação de um tratado "corajoso, incisivo e eficaz" para travar a poluição por plásticos. Porém, vários grupos não governamentais que acompanharam as conversações em Nairobi caracterizaram o resultado como um "impasse" ou um "fracasso maciço".

Inger Andersen, diretora executiva do Programa das Nações Unidas para o Ambiente, afirmou estar "encorajada com o avanço das negociações", enquanto Gustavo Velásquez, presidente cessante das negociações, afirmou que os 10 dias de conversações no Quénia marcaram um "passo significativo no sentido da concretização do nosso objetivo de desenvolver um instrumento internacional juridicamente vinculativo para acabar com a poluição por plásticos".

Os principais focos do novo tratado

O WWF (World Wide Fund for Nature) apela a que o novo tratado se concentre nos polímeros e produtos químicos de alto risco (os que causam mais danos ou têm maior risco de se tornarem poluentes), alargando-o ao longo do tempo para incorporar todos os produtos, aplicações e materiais de plástico.

Para além de haver intenção de haver um maior foco inicial nos produtos de maior risco, há também uma preocupação maior relativamente ao ambiente marinho.

A Comissão Europeia está a debater a questão do ambiente e da poluição por plásticos, com especial referência ao ambiente marinho. A Plastics SA e a Associação das Indústrias Químicas e Afins (CAIA) afirmam: "As negociações foram concluídas com alguns temas fundamentais por resolver. Uma das questões não resolvidas diz respeito ao trabalho inter-sessões que deve ter lugar a discussão nos próximos encontros.

O trabalho inter-sessões é fundamental para lançar as bases para conversações mais substanciais no INC4 (Intergovernmental Negotiating Committee), que terá lugar no Canadá em abril de 2024. O INC 3 fez progressos no sentido de um acordo eficaz e prático sobre os plásticos, acrescentando elementos adicionais necessários para cumprir a intenção do acordo, que é acabar com a fuga de plásticos para o ambiente e a poluição por plásticos, com referência específica ao ambiente marinho.

Referência da notícia
Blas J. Europe's Petrochemical Industry Is Heading for Death Row. Bloomberg (2023). Carnie. T. ‘Shameless stalling tactics’: Talks on new global plastic treaty ‘held hostage’ by petrochemical industry. Daily Maverick (2023).