20 dos 35 sinais vitais do planeta, utilizados para avaliar as alterações climáticas, estão em extremos recorde

Anomalias como as temperaturas elevadas, o aquecimento dos oceanos e a maior frequência de incêndios atingiram recordes sem precedentes, tal como mostra um novo relatório de uma equipa internacional de investigadores.

planeta Terra
Os eventos extremos continuam a bater recordes sem precedentes. Que efeitos podem trazer ao planeta?

Os cientistas concluíram que os registos recorde, que se têm vindo a observar, enfraquecem os sinais vitais da Terra e alertam para o facto de as ocorrências cada vez mais frequentes de fenómenos relacionados com o clima poderem pôr em perigo a vida na Terra até ao final deste século, se tudo continuar como está.

Os cientistas observaram que 20 dos 35 sinais vitais do planeta utilizados para acompanhar as alterações climáticas estão em extremos recorde. Os novos dados ilustram que muitos recordes relacionados com o clima foram quebrados por "margens enormes" em 2023, em particular os relacionados com a temperatura dos oceanos e o gelo marinho. Estas anomalias poderão ocorrer com maior frequência e ter impactos cada vez mais graves na vida na Terra.

Os principais números do relatório:

  • Subsídios aos combustíveis fósseis - ações dos governos que reduzem artificialmente o custo da produção de energia, aumentam o preço recebido pelos produtores ou reduzem o preço pago pelos consumidores - quase duplicaram entre 2021 e 2022, de 531 biliões de dólares para pouco mais de 1 trilião de dólares;
  • Este ano, os incêndios florestais no Canadá contribuíram para mais de 1 gigatonelada de dióxido de carbono na atmosfera, mais do que o total de emissões de gases com efeito de estufa do mesmo país, em 2021;
  • Em 2023, já se registaram 38 dias com temperaturas médias globais superiores a 1,5 ºC acima dos níveis pré-industriais. Até este ano, esses dias eram raros, observam os autores;
  • A temperatura média à superfície da Terra mais elevada alguma vez registada ocorreu em julho passado e, segundo os cientistas, poderá ser a temperatura à superfície mais elevada que o planeta registou nos últimos 100 mil anos.
Eventos extremos
Inundações e danos causados pela água nos condados de Cavalier, Pembina e Cavalier, em Dakota do Norte, EUA. Créditos: USDA, CC BY 2.0.

Os autores propõem a transição para uma economia global que dê prioridade ao bem-estar humano e reduza o consumo e as emissões excessivas. As principais recomendações incluem a eliminação progressiva dos subsídios aos combustíveis fósseis e a intensificação dos esforços de proteção das florestas.

Os eventos extremos estão a intensificar-se e a bater recordes a cada ano que passa. É necessária uma intervenção urgente.

A equipa de investigadores salienta que as condições meteorológicas extremas e outros impactos climáticos estão a ser sentidos de forma desproporcionada pelas pessoas mais pobres, que são as que menos contribuem para as alterações climáticas.