Google prepara-se para mapear emissões globais de metano a partir do espaço

A gigante Google vai utilizar satélite e inteligência artificial (IA) para rastrear as fontes de fuga de metano na Terra e, assim, criar um mapa global da poluição. Veja aqui mais detalhes do projeto.

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Representação do satélite que será usado para rastrear as emissões globais de metano no espaço. Crédito: MethaneSAT/EDF.

O metano (CH4) é um poderoso gás de efeito estufa (GEE) que permanece na atmosfera durante cerca de uma década. Ele é responsável por cerca de 19% do efeito de aquecimento dos GEEs de longa duração. Segundo a WMO, em 2022 a concentração global média do CH4 atingiu um novo máximo de 1923 ppb (partes por bilião), um aumento de 16 ppb em relação ao ano anterior.

O metano é o segundo pior gás de efeito estufa, mas também serve como biogás para a geração de energia. É responsável por cerca de 30% do aquecimento global atual.

Cerca de 40% do CH4 é emitido para a atmosfera por fontes naturais (zonas húmidas, etc.), enquanto cerca de 60% provém de fontes antropogénicas (gado, agricultura de arroz, exploração de combustíveis fósseis, aterros sanitários, queima de biomassa).

E agora surge uma novidade no mundo dos gigantes tecnológicos: a Google pretende rastrear o metano a nível mundial a partir do espaço, e assim criar um mapa global da poluição. Veja mais detalhes abaixo.

O projeto e o seu objetivo

O projeto é uma parceria entre a Google e a Environmental Defense Fund (EDF), uma organização sem fins lucrativos de defesa ambiental com sede nos Estados Unidos. Eles pretendem rastrear as fontes de fuga de CH4 a partir do espaço, e com isso criar um mapa global em tempo real das emissões. O objetivo é identificar os pontos mais críticos de poluição e diminuir as emissões.

O Google vai utilizar inteligência artificial e imagens de satélite para mapear as emissões globais de metano, e assim criar um mapa global da poluição com o objetivo de identificar os pontos mais críticos e diminuir as emissões.

O trabalho deve iniciar em março deste ano. “A infraestrutura muda rapidamente, e manter um mapa como este atualizado requer informações constantes. Mas isto é algo que nós, nos nossos mapas e organização geográfica, acumulamos muita experiência. Achamos que estas informações são incrivelmente valiosas para empresas de energia, investigadores e setor público antecipar e mitigar as emissões de metano”, disse Yael Maguire, vice-presidente e gerente geral da equipa de Geo Sustentabilidade do Google.

Como será o mapeamento do metano?

A EDF irá lançar o MethaneSAT, um satélite avançado que rastreará as fugas de metano. Ele será levado para o espaço a bordo de um foguete operado pela SpaceX. Já a Google vai utilizar a inteligência artificial (IA) para mapear a infraestrutura de petróleo e gás, e assim criar um mapa global das fontes de poluição.

O MethaneSAT será capaz de orbitar a Terra 15 vezes ao dia numa altitude acima de 560 km, investigando os níveis de metano nas principais regiões produtoras de petróleo e gás do mundo. Algoritmos alimentados pela Google Cloud permitirão rastrear quanto metano é emitido ao longo do tempo. Para isso, uma IA será treinada para detetar as possíveis fontes de fuga do gás.

fontes de emissões de metano
Fontes emissoras de metano, sendo a queima de combustíveis fósseis e a agricultura os principais responsáveis. Fonte: Adaptado de 'monarchpartnership'.

“Ao combinar algoritmos de deteção de metano com computação em nuvem e aplicar IA a imagens de satélite para identificar infraestruturas de petróleo e gás em todo o mundo, o nosso objetivo é ajudar a EDF a quantificar e rastrear as emissões de metano até à fonte. Com esta informação, as empresas de energia, os investigadores e o setor público podem tomar medidas para reduzir as emissões da infraestrutura de petróleo e gás de forma mais rápida e eficaz”, afirmou Maguire.

Os primeiros dados deverão ficar disponíveis ainda neste ano, contudo a expectativa é que todo o planeta esteja mapeado até ao final de 2025. As informações recolhidas serão disponibilizadas de forma pública no site da MethaneSAT e do Google Earth Engine, a plataforma de análise geoespacial do Google.