Estudo de Harvard surpreende: respirar menos oxigénio poderá prolongar a nossa vida?

Um estudo publicado por especialistas de Harvard mostra que a restrição moderada de oxigénio pode ajudar os mamíferos a viverem mais e a retardar o início da neurodegeneração.

Hipóxia; estudo; Harvard
O estudo revela que um dos efeitos da restrição de oxigénio (mais conhecida como hipóxia) pode atrasar a velhice.

A ideia de que respirar menos oxigénio poderá prolongar a vida tem sido uma fonte de especulação, mas um estudo recente realizado por investigadores de Harvard está a esclarecer mais sobre esta possibilidade intrigante.

Contrariamente à crença popular de que mais oxigénio é sempre benéfico, a investigação sugere que uma redução controlada pode ter efeitos positivos na longevidade.

Os resultados surpreendentes do estudo

Os cientistas realizaram experiências com modelos animais e descobriram que a restrição de oxigénio, sob condições cuidadosamente controladas, desencadeia respostas celulares que parecem melhorar a saúde e prolongar a vida. Estas descobertas desafiam a noção convencional de que a exposição constante a elevados níveis de oxigénio é sempre benéfica.

Este estudo revelador realizado com ratos esclarece a ligação entre os níveis de oxigénio e a expectativa de vida. Criados em ambientes com oxigénio reduzido (11%) a partir das 4 semanas de idade, os camundongos exibiram uma extensão impressionante de 50% na sua vida útil, alcançando uma média de 23,6 semanas em comparação com 15,7 semanas para aqueles em ambientes normais (21% de oxigénio).

A oxigenação é o processo através do qual o oxigénio é transportado e distribuído no corpo. Ocorre principalmente através da respiração, onde inalamos o oxigénio do ar e o levamos para os pulmões. Este oxigénio é então absorvido pelo sangue e transportado por todo o corpo através do sistema circulatório.

Além disso, a expectativa de vida máxima de camundongos sob condições de baixa oxigenação aumentou em aproximadamente 30%, alcançando 31 semanas, em contraste com 26 semanas para os camundongos sob concentrações normais de oxigénio.

Como será que podemos aplicar estas descobertas para melhorar a saúde humana?

É essencial observar que estas descobertas estão em estágios iniciais e devem ser interpretadas com cautela. É necessária mais investigação para compreender completamente os mecanismos envolvidos e determinar como estas descobertas podem traduzir-se em práticas saudáveis e seguras para os seres humanos. Abaixo mostramos alguns caminhos possíveis a serem explorados.

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A descoberta de que a restrição controlada de oxigénio aumenta a expectativa de vida dos ratos mostra a importância de investigações para a descoberta de novas abordagens a fim de melhorar a saúde humana.

Práticas controladas

Se estudos futuros apoiarem a ideia de que a restrição controlada de oxigénio é benéfica, práticas controladas poderão ser desenvolvidas para implementar esta abordagem em ambientes clínicos. Estas práticas devem ser meticulosamente regulamentadas e adaptadas às necessidades e condições dos indivíduos.

Terapias personalizadas

A investigação poderá levar a terapias personalizadas baseadas nos níveis ideais de oxigénio para a saúde de cada indivíduo. Isto pode envolver ajustes em ambientes específicos, como câmaras de oxigénio ou programas de exercícios e respiração projetados para influenciar positivamente a oxigenação.

Considerações éticas

A aplicação destas descobertas deve ser acompanhada de cuidadosa consideração ética. Devem ser abordadas questões sobre a segurança, os potenciais efeitos secundários e a aceitação social de práticas que alteram os níveis normais de oxigénio.

Referência da notícia:

ROGERS, R. S. et al. Hypoxia extends lifespan and neurological function in a mouse model of aging. PLoS Biology, v. 21, n. 5, 2023.